sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Brasil Debutante.


A debutante.


A debutante vivencia, nesta fase, a síndrome do crescimento. Deseja, acima de tudo, o reconhecimento de seu crescimento perante a sociedade. Ainda que o status quo lhe permita ser considerada grande o bastante para ingressar em uma nova fase de sua história, desconhece claramente o valor das coisas ao seu redor. Seus pais trabalham incessantemente pelo sustento, vencendo mensalmente as contas, apertando os gastos ali, tapando os altos juros e impostos que insistem em jorrar acolá, contribuindo pesado para dar a debutante saúde, educação e segurança. A debutante, agora, com os feitios que o crescimento implica, possui também caprichos, caprichos estes advindos da “síndrome de crescimento” e que os pais haverão de arcar.
            A debutante sonha com um grande baile, deseja-o loucamente mais que tudo o que ela julga conhecer, porque o baile será capaz de afirmá-la perante a sociedade, sinalizando que ela cresceu. Mal sabe (ou ignora), a debutante, sobre o quanto seus pais se desdobram pelo dinheiro que, num piscar de olhos, descerá pelo ralo guloso do grande baile o qual a própria debutante aproveitará muito pouco. Seus pais ficarão com as contas e com o sorriso amarelo dos convidados que estarão a espreita de todos os defeitos do baile, e ainda com o aperto de mão debochado de todos os penetras.
             
A debutante – leia-se o Brasil
Sociedade – leia-se o Mundo
Os pais – leia-se os Brasileiros
Grande Baile – leia-se Copa do mundo.
Penetras – leia-se Grandes empreiteiros que financiam as orgias políticas com o dinheiro publico.

Nada contra debutantes e nada contra a Copa do Mundo, mas é preciso avisar que pensar ainda não configura crime.

O Brasil


O Brasil vivencia, nesta fase, a síndrome do crescimento. Deseja, acima de tudo, o reconhecimento de seu crescimento perante o mundo. Ainda que o status quo lhe permita ser considerado grande o bastante para ingressar em uma nova fase de sua história, desconhece claramente o valor das coisas ao seu redor. Os brasileiros trabalham incessantemente pelo sustento, vencendo mensalmente as contas, apertando os gastos ali, tapando os altos juros e impostos que insistem em jorrar acolá, contribuindo pesado para dar ao Brasil saúde, educação e segurança. O Brasil, agora, com os feitios que o crescimento implica, possui também caprichos, caprichos estes advindos da “síndrome de crescimento” e que os brasileiros haverão de arcar.
            O Brasil sonha com a Copa do Mundo, a deseja desesperadamente mais que tudo o que ele julga conhecer, porque a Copa do Mundo será capaz de afirmá-lo perante o Mundo, sinalizando que ele cresceu. Mal sabe (ou ignora), o Brasil, sobre o quanto os brasileiros se desdobram pelo dinheiro que, num piscar de olhos, descerá pelo ralo guloso da Copa do Mundo o qual o Próprio Brasil aproveitará muito pouco. Os brasileiros ficarão com as contas e com o sorriso amarelo dos convidados que estarão a espreita de todos os defeitos da Copa, e ainda com o aperto de mão debochado de todos os grandes empreiteiros que financiam as orgias políticas com o dinheiro público.

Observar.

O mato que a água criou

o fogo em dança lambeu,
o que não é um fim, 
pois, que do solo escuro, 
depois dessas águas, 
verde novo vai vir.
O Barranco que fugia com o vento
a raiz abraçou. 
As curvas onde descia o rio, 
em um novo desenho, 
malicia demonstra.
Da mina que brota essa água, 
humildade se lê.
O verde que de mim não faz parte, 
em tom natural um dia me camuflará. 
A semente que com a carícia da água, 
o solo há de vencer.
A seiva, tão bruta, 
se resolve em flor que abre.
No verão, todos verão,
traços de outono, inverno e primavera, 
escondidos na tarefa de complementar.
O império de árvore primeira,
que deixa o solo impotente,
para a granada de vida,
de semente que deseja vingar.
A magia que vem junto com o vento, 
este ato, este gesto, 
divino e modesto de polinizar.
As folhas que suicidas ao vento
se servem ao solo
no cálculo exato de reutilizar.
Cores que brotam das rochas,
da seriedade da pedra,
sem qualquer tonalidade pra misturar.
O canto no canto das matas, 
Allegro ma non troppo,
das aves que extraem do nada,
o saber e a vontade de cantar.
É preciso calar, 
é preciso não se mover,
para colher o fruto da compreensão:
Observar e absorver.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Reciclo.

As folhas que suicidas ao vento 
se servem ao solo,
num cálculo exato de reutilizar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tempero



Estou garimpando palavras pra te dizer o que sinto,
mas creio ser a mescla da perda
com uma pitada do sentimento de nunca ter tido.

Onde já se view tanto touch?

Óculos escuros
em pleno elevador.
- Não há um céu!
Mas você há que relevar!
- cadê o sol?
A vida é simples
e de tão moderna insensatez!
Um auditório em ascensão
vou te dizer,
como é que anda,
What’s up? MSN, SMS
a inversão, 
contradição!
Atrás das telas
revolucionam,
e emocionam,
com aparência de bem feitor.
É tanta tecnologia, 
de tando view 
e tanto touch, 
que a gente se afasta, 
não se vê, 
e nem se toca.
O mundo que encerra
o pensamento
e a vida própria,
caduca em alçar vôos
se perdendo em trilhas tortas.