sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Observar.

O mato que a água criou

o fogo em dança lambeu,
o que não é um fim, 
pois, que do solo escuro, 
depois dessas águas, 
verde novo vai vir.
O Barranco que fugia com o vento
a raiz abraçou. 
As curvas onde descia o rio, 
em um novo desenho, 
malicia demonstra.
Da mina que brota essa água, 
humildade se lê.
O verde que de mim não faz parte, 
em tom natural um dia me camuflará. 
A semente que com a carícia da água, 
o solo há de vencer.
A seiva, tão bruta, 
se resolve em flor que abre.
No verão, todos verão,
traços de outono, inverno e primavera, 
escondidos na tarefa de complementar.
O império de árvore primeira,
que deixa o solo impotente,
para a granada de vida,
de semente que deseja vingar.
A magia que vem junto com o vento, 
este ato, este gesto, 
divino e modesto de polinizar.
As folhas que suicidas ao vento
se servem ao solo
no cálculo exato de reutilizar.
Cores que brotam das rochas,
da seriedade da pedra,
sem qualquer tonalidade pra misturar.
O canto no canto das matas, 
Allegro ma non troppo,
das aves que extraem do nada,
o saber e a vontade de cantar.
É preciso calar, 
é preciso não se mover,
para colher o fruto da compreensão:
Observar e absorver.