sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Metade

Aguardo noticias suas,
Tento aniquilar o tédio ansioso com goles de café.
A moça ao lado pede um suco,
A balconista por obrigação acena com a cabeça.
O barulho do espremedor varia,
E marca o momento da espera.
Gosto de prever as variações de tal barulho,
De acordo com a pressão das mãos,
A laranja cortada ao meio fica oca.
Volto os olhos para a minha vida.
Lembro-me de afazeres protelados,
E das pressões da cidade.
Eu corro muito,
Dentro do que acho que me cabe.
Sempre parece pouco,
Quase nunca é possivel saciar tal pressa.
As moedas do café!!!
Ainda havia um troco modesto e necessário,
Quando pronto para os afazeres,
O troco esquecido me vem a mente,
Penso tanto em tanta coisa,
Modelado por pressões,
Minha vida é cortada ao meio,
E minha cabeça fica oca.

3 comentários:

Malu Tolentino disse...

Tô adorando ler tudo o que você escreve...
Sempre fico ansiosa na espera de um novo texto e bem... nunca me decepciono com o que encontro aqui.
Beijos e flores.

Ludmila Melgaço disse...

Dias e dias que venho lendo esse texto e até hoje não sei o que dizer...
Só sei que lindo, como tudo que cê faz.
beijo!

Otávio Zonatto disse...

Velho, mto bom! O final inesperado... a analogia da cabeça com a laranja... adorei, cara! É de uma sutileza impressionante.